Ataxia de Friedreich

No vídeo "Ataxia de Friedreich" complementamos o Sky Talks em que o Dr. Tomás Freddi apresentou um caso clínico de ataxia sensitiva progressiva com sobreposição cerebelar e atrofia medular, a partir do qual discutimos etiologia, fisiopatologia, quadro clínico, estratégias diagnósticas e manejo multidisciplinar dessa doença hereditária.

Conteúdos Abordados

  • Definição e genética: Ataxia de Friedreich é a ataxia hereditária recessiva mais frequente mundialmente, causada na maior parte (≈95–96%) por expansão bialélica da repetição GAA no intron 1 do gene FXN, resultando em redução da expressão da proteína frataxina e disfunção mitocondrial.
  • Mecanismo molecular: Redução de frataxina compromete a cadeia respiratória mitocondrial; quanto maior o número de repetições GAA, mais precocemente e gravemente tende a manifestar-se a doença.
  • Epidemiologia: Prevalência mundial é rara (~15.000 casos estimados); portadores heterozigotos são relativamente comuns em populações de ascendência europeia (≈1 em 85 na Europa Ocidental). No Brasil estimativas sugerem ~4 casos/100.000 habitantes.
  • Fenótipo neurológico: Início típico na infância/adolescência (10–15 anos) com ataxia sensitiva progressiva por degeneração do gânglio da raiz dorsal; prova de Romberg/Homberg positiva, piora no escuro, progressão para ataxia cerebelar mista, presença de intrusões sacádicas do tipo square-wave jerks, disartria, disfagia, hiporreflexia com sinais piramidais (p.ex. Babinski) em evolução.
  • Manifestações não-neurológicas: Cardiomiopatia hipertrofia septal com fração de ejeção frequentemente preservada, fibrose; risco aumentado de diabetes (insulino-dependente ou tipo 2); escoliose (>70% dos casos) e pé cavo são comuns; perda auditiva e outras manifestações são menos frequentes.
  • Variantes de início tardio: LOFA (início >20 anos) e formas very-late-onset (>40 anos) apresentam fenótipo distinto (p.ex. paraparesia espástica e hiperreflexia) e geralmente menor número de repetições.
  • Exames de imagem e laboratoriais: Ressonância de crânio frequentemente preserva volume cerebelar (ressonância normal é uma pista diagnóstica); atrofia das colunas posteriores e atrofia medular posterior podem estar presentes; eletrocardiograma/ ecocardiograma e ressonância cardíaca conforme necessidade; avaliação metabólica para diabetes.
  • Diagnóstico genético: Exame dirigido para expansão GAA (Southern blot, RP-PCR ou sequenciamento long-read) é o teste indicado. Exoma ou painéis de sequência padrão costumam falhar em detectar expansões intrônicas e, portanto, NÃO são testes apropriados como primeira escolha quando há alta suspeita clínica.
  • Abordagem terapêutica: Manejo multidisciplinar (fisioterapia, fonoaudiologia, cardiologia, endocrinologia, ortopedia, acompanhamento neurogenético). Terapia farmacológica específica: omaveloxolone (ativador de NRF2) foi citada como terapia aprovada; outras abordagens sintomáticas e pesquisas em terapias genéticas e reposição de frataxina estão em desenvolvimento.
  • Implicações práticas: Importância de reconhecer sinais de alarme (ataxia sensitiva de início jovem, Romberg positivo, pé cavo, escoliose, cardiopatia e diabetes) para encaminhamento precoce ao neurologista e solicitação do teste molecular dirigido para FXN.

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